Diário do Comércio: Reforma da Consciência Previdenciária

Em meio às discussões e reações relativas à reforma da Previdência, imposta pelo rombo do sistema e a crise fiscal do Estado e contestada por representantes dos trabalhadores e servidores públicos, há uma questão paralela muito importante, mas ignorada em todos os debates e discussões sobre o tema: a ausência no Brasil de uma cultura de poupar para o futuro.

Seria oportuno que o trâmite da reforma contribuísse para desenvolver essa nova consciência em nossa sociedade. Isso não significa abdicar da previdência oficial, que, bem ou mal, garante um provento mínimo às pessoas. Tais ganhos, porém, a exemplo do que já ocorreu em outros países, tendem a diminuir e/ou a demorar mais anos para passarem a ser pagos, considerando o aumento da idade/tempo de contribuição para a conquista do benefício.

Por isso, é fundamental que as pessoas tenham uma fonte de renda que lhes propicie, na reta final de suas carreiras e, depois, na aposentadoria, manter um padrão de vida semelhante ao que tinham em seu período de atividade profissional. Constituir esse patrimônio é algo ainda incipiente em nosso país, principalmente se compararmos com o que ocorre em outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, é muito forte a cultura de poupança/previdência. Lá, a compra de ações ao longo da vida é a forma mais utilizada pelos cidadãos para terem autonomia e não dependerem da previdência oficial no futuro.

Constituir um patrimônio financeiro de acordo com as possibilidades de cada indivíduo, que se somará no futuro com os proventos da Previdência, garantindo uma aposentadoria mais tranquila, é uma atitude menos difícil do que parece e que pode ser iniciada em qualquer tempo, embora quanto mais cedo melhor.

As alternativas são múltiplas, desde fundos de ações, como ocorre em maior escala entre os trabalhadores norte-americanos, renda fixa, commodities agrícolas e financeiras, fundos de investimentos e imobiliários. Sobre estes últimos cabe uma observação: atendem à expectativa de muitas pessoas quanto à segurança propiciada por imóveis, mas sem as desvantagens de administrar aluguéis, contratos e negociações com inquilinos, que muitas vezes causam desconforto às pessoas da Terceira Idade.

Recente pesquisa do Instituto Axxus, startup de alta tecnologia, incubada na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em parceria com a Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), mostrou que 80% dos trabalhadores brasileiros não poupam para realizar qualquer forma de investimento. Está na hora de mudar essa cultura, com a reforma da consciência previdenciária dos cidadãos.

Fonte: Diário do Comércio

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