GLOBO RURAL Revista: Pesquisa - Consumidores de Café - 2021

Com o apoio da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), o Instituto Axxus realizou uma pesquisa com o objetivo de identificar mudanças nos hábitos de compra e de consumo de café ao longo da pandemia de Covid-19. Segundo o estudo, 72% dos entrevistados declararam que a bebida ajudou a superar os piores momentos da pandemia.

"Conseguimos ver o que a pandemia causou nos hábitos e preferências de consumo sem ter que perguntar da pandemia para o entrevistado", afirma Sérgio Pereira, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e um dos condutores do estudo.

A pesquisa entrevistou 4.200 pessoas, sendo 2.310 mulheres (55%) e 1.890 homens (45%). Do total, 21% têm até 14 anos; 16% entre 15 e 24 anos; 24% entre 25 e 39 anos; 20% entre 40 e 54 anos; 13% entre 55 e 69 anos; e 6% acima de 70 anos.

Entre os respondentes que ‘gostam’ de café, de 2019 para 2021, houve um aumento de 21% para 23%. Já entre os que ‘gostam muito’, o aumento foi de 53% para 56%. "Em 24 meses, tivemos um aumento substancial nas pessoas que gostam da bebida”, diz o pesquisador.

Na mesma linha, o número de pessoas que não gostam de café diminuiu. Em 2019, eram 9%, agora 5%. Entre os que não consomem a bebida também houve queda, de 8% para 3%. "Acredito que o café pode expandir ainda mais o mercado e os consumidores podem passar a consumir novas formas de preparo, migrar de qualidade e de classe da bebida".

Entre os 4.200, 30% consomem mais de seis xícaras por dia, 45% entre três e cinco xícaras, 10% até duas xícaras e 12% apenas uma. A pesquisa infere que "durante a pandemia, os consumidores que passaram a consumir mais café declararam que o isolamento social e a permanência em casa por mais tempo aumentou o desejo pela bebida”, diz o pesquisador.

De 2019 para 2021, houve aumento no consumo em todos os horários do dia: 98% dos respondentes tomam café ao acordar, 89% durante a manhã, 79% depois do almoço, 64% durante a tarde e 38% à noite.

Nos mercados, para fazer a melhor escolha de compra, os consumidores foram mais sensíveis a preços, promoções e ofertas em 2021: 21% responderam que compram a mais barata, enquanto, em 2019, eram 7%. Aqueles que compram a marca que preferem, independente do preço, eram 26% e, agora, são 12%.

Mais um reflexo da perda de poder de compra dos consumidores causada pela pandemia. Pereira enxerga uma mudança nos padrões de consumo, principalmente em relação à qualidade do produto. “Devemos levar em consideração o preço do café, porque, com a geada, o valor para o produtor aumentou muito, e isso está chegando na indústria agora, que vai repassar ao consumidor final um preço maior”.

Lugares e motivações para tomar café

A pesquisa mostrou como a pandemia mudou as motivações das pessoas ao tomarem café. Em 2019, 42% julgaram o momento como uma oportunidade de interação com outras pessoas. Em 2021, apenas 3% responderam a mesma alternativa.

“A interação com as pessoas era o motivo de tomar um café para a maioria em 2019. Isso mostra que o distanciamento social afetou rigorosamente essa motivação. Por outro lado, aumentou de 2% para 37%, um 'momento de pausa e reflexão' no dia dos entrevistados como a razão para tomar café”, diz Pereira.

Outro ponto drasticamente afetado pelo isolamento social imposto foi os locais onde o café era mais consumido. Em 2019, a ordem era no trabalho; em casa, cafeterias, bares e restaurantes; e na casa de parentes e amigos. Com a pandemia, o local mais respondido em 2021 foi em casa, seguido de casa de parentes, trabalho e cafeterias.

Formas de preparo

Com as cafeterias, bares e restaurantes fechados por muito tempo, aliados ao receio das pessoas em frequentar lugares públicos, os modos de preparo da bebida utilizados fora de casa caíram, como o espresso de máquina, que registrou queda de 45% para 9%. Por outro lado, o preparo dentro de casa cresceu, como a cafeteira elétrica com coador de papel, com alta de 26% para 42%.

Turismo de café

Em 2019, 87% dos entrevistados gostariam de visitar, conhecer e se hospedar em uma fazenda cafeeira. Em 2021, esse índice aumentou 4%, totalizando 91%. Entre os que não se interessam, a queda foi de 7% para 6%. Outros 3% não souberam responder.

“Isso é importante para aqueles produtores de café que investem em turismo rural. Nós temos pessoas da cidade que praticaram o distanciamento social, presas em casa, mas que hoje estão dispostas a conhecer uma fazenda, e como é que se produz, se faz a torra e ter uma imersão dentro do universo do café”, finaliza o pesquisador.

Fonte: Globo Rural Revista

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