ESTUDO DE MERCADO: CLÍNICAS POPULARES
Agosto/2024
Esse texto é um recorte de um estudo realizado com o objetivo de fornecer ao investidor informações necessárias para avaliar a viabilidade do negócio.
INTRODUÇÃO
O crescimento vertiginoso do modelo de clínicas populares é um fenômeno que merece atenção não só pela evolução, mas também para a avaliação das perspectivas futuras.
Embora a prestação dos serviços médicos elementares seja uma atribuição do Estado, estabelecido pela Constituição, atender toda a demanda ainda é um objetivo longe de ser alcançado, por essa razão a população tem buscado as alternativas que oferecem qualidade, baixo custo e rápido atendimento.
A insatisfação dos usuários com os serviços prestados pelos planos de saúde e a impossibilidade de arcar com altas mensalidades também tem contribuído para elevar a demanda por clínicas populares.
DEMANDA
No País inteiro, especialmente no Nordeste e Centro-Oeste, a demanda pelos serviços oferecidos por esse modelo de clínica cresceu nos últimos anos. Voltadas, principalmente, para as classes C, D e E, usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) que procuram agilidade a um custo compatível com o orçamento.
Vejamos uma simples comparação: enquanto pelo SUS o atendimento a uma consulta pode demorar mais de 60 dias, nas clínicas populares não levam em média mais de 24 horas.
Os clientes dessas clínicas têm renda mensal média estimada em R$ 1.700,00, portanto não podem arcar com o custo mensal de um plano de saúde, mas conseguem arcar com uma consulta ou tratamento esporádico, especialmente com são acometidos de uma enfermidade que causa dor, desconforto ou imobilidade.
Também contribuiu para o aumento do número de atendimento nas clínicas populares o número de assegurados que perdem o plano de saúde por motivo de desligamento da empresa ou por não poder pagar. Aqueles que já tiveram acesso a planos de saúde e não tem mais, preferiram recorrer a clínica popular antes de voltar para o Sistema Único de Saúde.
As clínicas populares têm demostrado capacidade de ajustar os preços dos serviços médicos à realidade econômica do seu público-alvo, como um nível de qualidade que os usuários aceitem ou até classifiquem como satisfatório.
VANTAGENS COMPETITIVAS
1. Custos Reduzidos: As clínicas populares têm estruturas mais enxutas e custos operacionais menores em comparação com hospitais e clínicas particulares tradicionais, o que lhes permite oferecer preços mais baixos. Outro ponto responsável pelos custos reduzidos é a localização, visto que tais clínicas costumam se localizar em regiões centrais ou em bairros mais carentes, focando a população de menor poder aquisitivo.
2. Variedade de Serviços: Essas clínicas oferecem uma ampla gama de serviços, desde consultas médicas até exames laboratoriais e procedimentos cirúrgicos menores, proporcionando um atendimento completo em um único local.
3. Agilidade no Atendimento: A rapidez no atendimento também é um grande diferencial, reduzindo o tempo de espera e melhorando a experiência do paciente.
BENEFÍCIOS SOCIAIS
1. Facilidade de Acesso: As clínicas populares ampliaram o acesso à saúde para uma grande parcela da população, contribuindo para a redução das desigualdades no sistema de saúde.
2. Desafogamento do SUS: Ao atender uma parte da demanda, essas clínicas aliviam a pressão sobre o SUS, permitindo que ele se concentre em casos mais complexos e em serviços de alta complexidade.
3. Prevenção e Diagnóstico Precoce: O acesso mais fácil a consultas médicas e exames permite a detecção precoce de doenças, aumentando as chances de tratamento eficaz e reduzindo custos a longo prazo.
ATRATIVIDADE PARA O INVESTIDOR
As formas de pagamento é um grande atrativo das clínicas populares. 83% das receitas financeiras tem origem direta dos clientes e apenas 17% de planos de saúde e convênios empresas.
Os pagamentos em dinheiro e PIX representam 71%, cartões de débito, crédito e outras formas de pagamento 29%.
O modelo tem se mostrado uma ótima alternativa a todas as partes envolvidas na construção desse mercado.
Para os pacientes, o modelo vem acolhendo uma crescente parcela insatisfeita com os planos de saúde. Há três anos, o segmento de planos lidera o ranking das reclamações do Instituto Brasileiro de Defesa ao Consumidor.
Para alguns médicos, que recebem muito pouco dos planos de saúde e que ainda precisam arcar com os custos de aluguel, secretária, água, luz e telefone, prestar serviço para uma clínica popular tem sido uma boa opção.
Para atrair os médicos, as clínicas populares repassam a eles, entre 50 e 60% da receita das consultas, e bancam todas as despesas.
Uma sondagem realizada pelo Instituto Axxus, apontou que no Sudeste os médicos, obtém ganho médio de R$ 18.000,00 por mês (valor considerado por eles como mais atrativo do que o oferecido por muitos hospitais) e que a margem de lucro das clínicas gira em torno de 4,5%.
Importante considerar que para manter a atratividade do negócio as clínicas populares se concentram nas consultas simples (gripes, diarreias, dores em geral) e encaminham os tratamentos mais complexos aos hospitais e que o surgimento de novos concorrentes deve aumentar a pressão para redução dos preços.
OS RISCOS
Mesmo com um cenário promissor, não significa que não existem riscos. Os maiores desafios são:
1) A dificuldade da contratação de bons médicos, especialmente em pequenas cidades.
2) A formação de uma equipe técnica e de atendimento eficaz.
Para minimizar esses risos muitas clínicas operam com teleconsulta, prática que deve aumentar, considerando que grande parte dos pacientes aceitam bem esse formato, especialmente quando acompanhados por um(a) assistente da clínica, em uma sala especialmente montada para a interação com médico.
Como as consultas presenciais tendem a ser muito rápidas, pode acontecer do médico não dedicar o tempo necessário para ouvir o paciente e consequentemente fazer um diagnóstico incorreto. As teleconsultas tem demonstrado que mesmo a distância o atendimento tem sido considerado muito bom pelos pacientes.
De acordo com receita federal a taxa de mortalidade das clínicas médicas entre 2018 e 2023 foi de 12,36%. As que mais fecharam foram as grandes e médias que dependiam de planos de saúde.
MGE: Médias e Grandes / ME: Micros / EPP: Pequeno Porte / SFL: Sem fins Lucrativos
A idade média das clínicas é de 7 anos, sendo que 37% têm entre 1 e 3 anos e 3,1% têm menos de 1 ano.
PRECIFICAÇÃO
A denominação "popular" remete a menores preços cobrados em relação ao praticado pelo atendimento particular tradicional privado.
Para consultas os preços são entre 25% e 40% menores dos cobrados pelos consultórios médicos particulares.
Para exames a variação pode ser maior dependendo do tipo de exame.
PRINCIPAIS DESAFIOS
TÉCNOLOGIA
A tecnologia é a principal aliada das Clínicas Populares. As principais soluções são:
DADOS ESTATISTICOS
Atualmente no Brasil existem 291.362 clínicas registradas nos CNAEs:
A atividade está presente em 100% dos municípios registrados no Brasil.
Municípios com maior número de clínicas ativas:
São Paulo, SP: 33.193
Rio de Janeiro, RJ: 16.845
Salvador, BA: 6.328
Brasília, DF: 6.315
Belo Horizonte, MG: 6.146
Os municípios que possuem maior e menor número de empresas por Km² são:
São Caetano do Sul, SP 49 empresas, 3,18 por km²
Caxias do Sul, RS 50 empresas, 0,03 por km²
Os municípios que possuem maior e menor número de habitantes por empresa:
Vizeu, PA: 12.419
São Bento do Una, PE: 12.113
Ibirité, MG: 9.686
Maringá, PR: 221
Ceres, GO: 130
Altinho, PE: 31
Porte das empresas
As micro e pequenas empresas representam 81% das clínicas do país.
ME: 64,09%
MEI: 0,001%
EPP: 17,06%
MGE: 16,84%
SFL Sem fins lucrativos: 1,71%
GOV Governamentais: 0,27%
Abertura de empresas:
PORTE | ABERTURAS EM 2021 | ABERTURAS EM 2022 | ABERTURAS EM 2023 |
ME | 29.959 | 32.461 | 102 |
EPP | 5.740 | 6.348 | 16 |
MGE | 4.621 | 3.463 | 3 |
SFL | 330 | 430 | 1 |
GOV | 18 | 14 | 0 |
MEI | 0 | 1 | 0 |
Estados com maior e menor número de empresas estabelecidas:
Maior: Sergipe: 64,80%
Menor: Paraíba: 45,20%
Municípios com maior número de empresas estabelecidas:
São Paulo, SP: 20.216
Rio de Janeiro, RJ: 8.547
Salvador, BA: 3.930
FAIXAS DE PREÇOS PRATICADOS
Consultas em geral: entre R$60,00 e R$140,00.
Consultas especialidades (ginecologia, dermatologia, oftalmologia, ortopedia e urologia) entre R$ 90,00 e R$170,00.
Exames:
- Glicose: R$ 6,50 a R# 12,00
- Hemograma: R$ 9,50 a R$ 14,00
- Colesterol total: R$ 5,50 a R$ 8,50
- Urina: R$ 10,00 a R$ 15,00
- Triglicerídeos: R$ 7,50 a R$ 14,50
Exames mais complexos possuem valores mais altos, mas, ainda assim, abaixo do mercado, como por exemplo o Papanicolau por R$41,00, colposcopia por R$ 78,00, ultrassom transvaginal por R$85,00, ultrassom obstétrico por R$ 90,00, mamografia por R$ 140,00.
Agosto/2024
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